segunda-feira, 15 de março de 2010

Afinal, Quem gosta da EBD?

A igreja se reune em assembléia. Após a ministração de um louvor congregacional, o pastor Fábio, partindo de uma breve reflexão bíblica inicia a assembléia administrativa. Entre a leitura da ata anterior, relatórios de departamentos e o relatório finaceiro, está em pauta entre os assuntos eventuais a proposta de mudança de horário da escola bíblica dominical, feita pelo seu atual diretor, o ir. Carlos.

- Meus irmãos - Inicia o pastor - Chegou a nós a proposta de mudarmos o horário da EBD, de 9:00 para as 8:00, a fim de que nossos estudos da palavra de Deus tenham um maior rendimento.

O irmão carlos pede a palavra:

- Acredito que uma hora de estudos seja insuficiente para o aprofundamento das questões levantadas no estudo da bíblia. Acredito que uma hora a mais seria rasoável.

O diácono Luís também pede a palavra:

- Acredito que grande parte da igreja não estaria disposta a tal empenho. A maioria nem mesmo sequer consegue chegar pontualmente, quanto mais se iniciarmos a EBD às 8:00.

Uma voz anônima sobressalta da congregação:

- É só diminuir o tempo do sermão...!

- Quem disse isso?! Perguntou o pastor Fábio, moderadamente enraivecido.

- Se os irmãos estudassem suas bíblias em casa, os professores não gastariam tanto tempo com a exposição do tema da semana para só depois iniciar as discussões. Desabafa o pastor Fábio.

- O grande problema é que muitos professores nem mesmo se preocupamem formar um bom projeto, dinâmico e atrativo para suas aulas. Afirma o diretor da EBD, ir. Carlos.

- Acredito que o problema seja com a direção da EBD, que não estimula os professoes. Afirma o diácono Luís.

- Estamos trabalhando para isso. Retruca o ir. Carlos.

- Mas onde estãos os resultados? Desafia o diácono.

O pastor interrompe...

- Acalmem-se meus irmãos, votaremos: que os favoráveis à mudança de horário da EBD erguessem uma das mãos por favor...

Nenhuma mão se extende.

O pastor continua...

- Então, que os favoráveis à permanência do atual horário da EBD erguessem uma de suas mãos...

Igualmente, nenhuma mãos se extende.

Conclui insatisfeito o pastor:

- vamos deixar em aberto esse assunto, e na quarta feira encerramos essa questão.

Depois desse dia, ninguém mais falou no assunto.

domingo, 14 de março de 2010

Sobre o Exercício da Pregação

Se eu pregar o medo, levarei às pessoas o fardo pesado da imagem de um Deus rancoroso e irado, e temerosos por sua presença furiosa, não hesitarão em fazer todo o possível – até que se exumam as últimas gotas de sangue e suor; até incharem os joelhos e o corpo prostrado não ter mais força para se erguer do chão, para que enfim a ira da divindade se aplaque. Imagem de um Deus pagão, de prazos esgotados, onde apenas resta o esforço para que de maneira improvisada se ajustem à sua vontade.

Se eu pregar a esperança, levarei às pessoas ânimo suficiente para que esperem o tempo oportuno para a salvação de um Deus bondoso, contudo, que ensina pelo sofrimento, torne o homem maduro o suficiente para que enfrente a vida com a destreza de um equilibrista na corda bamba. Eu lhes darei esperança para que suportem mudos todo o sofrimento do mundo, e quem sabe, até mesmo os inspirarei a enfrentar até a morte! Quietos e tímidos, se tornarão homens sem nome, perdidos numa multidão apática e sonolenta, que assiste o sermão dominical matutino e terminado o culto tudo retorne como sempre foi. A força moral de um único homem que insiste em ser livre, é maior do que uma multidão de escravos silenciosos. Convenhamos: um Deus que encobre os nossos erros por pura gratuidade, e sem participação da nossa vontade, não necessita de veneração. É como se ele não existisse. Ele se nega a provar a sua existência no mundo, mas apenas fora dele.

O que irei pregar?


Quero pregar sobre um Deus justo, e que por tanto, se ira, mas também ama. E por isso ele é parecido conosco. Melhor dizendo: que nós somos parecidos com ele. Que é humano. Deus é humano, a medida em que é nosso criador. Criador do humano, ele é o primeiro deles. Sendo humano ele pode se tornar homem, Jesus.

sexta-feira, 12 de março de 2010

TEOLOGIA PRÁTICA E TEOLOGIA ACADÊMICA: rivais ou aliadas?

Em ambientes eclesiásticos, existe uma tendência crescente em se separar o pensamento teológico da prática cristã no mundo.


De um lado, permanecem os “teóricos”, cuja principal missão seria salvaguardar o conhecimento teológico desenvolvido pela tradição cristã durante os vários séculos da Igreja; enfatiza-se o academicismo (às vezes, exagerado) que tem sua própria linguagem e postura. De outro lado, surgem os “práticos”, cuja principal característica seria a não dependência de teorias “frias e paralisantes”, que, segundo se afirma, seriam verdadeiros empecilhos à evangelização do mundo. Ambos os grupos trocam mútuas acusações, enquanto, pretensiosamente, apresentam-se como defensores da “fé pura neo-testamentária”.

Será que não é possível estabelecer um meio termo entre essas duas posturas antagônicas? Para John Wesley, por exemplo, entre o ministério prático e a teologia acadêmica precisa haver uma relação geradora de vida. Não basta apenas conhecer os dogmas cristãos; é preciso também vivê-los! Em outras palavras, é necessário percorrer um caminho teológico bem definido, a saber: 1) aprender a teologia (isto é, ouvir o que já foi proposto anteriormente); 2) fazer teologia (questionar o que foi ouvido à luz das necessidades atuais); e, 3) em celebração, viver a teologia (isto é, praticar a teologia de maneira a inseri-la no cotidiano da comunidade).

Este processo exige do teólogo o encarnar-se em sua própria cultura, não permitindo que sua linguagem, escondida numa alta torre e isolada do mundo lá fora, sirva apenas para a elaboração de dogmas complexos que, na verdade, nada têm a dizer aos seres humanos concretos que existencialmente experimentam a vida. Em outras palavras, é necessário desenvolver a consciência de que a teologia só tem sentido se responder às questões de nossas comunidades de fé. Como disse Lutero, “o teólogo se faz vivendo!”.

Por outro lado, não se deve negar a necessidade dos dogmas cristãos nem da teologia que os sustenta e desenvolve. Dogmas teológicos são, nas palavras de Paul Tillich, a expressão de uma “realidade específica, a realidade da igreja”. Isso quer dizer que os dogmas sinalizam (ou, ao menos, deveriam sinalizar) a vitalidade da igreja em sua relação com o mundo que a cerca. Os dogmas tratam, na verdade, de “expressões profundas e maravilhosas da verdadeira vida da igreja”,que relacionam sua piedade, devoção e crenças. São, portanto, vivos em sua dimensão dupla de teoria e praxis.

Somente assim, a teologia cristã pode servir (diaconia) ao mundo que a cerca, ao mesmo tempo em que anuncia a chegada do Reino de Deus. Perguntas sem respostas geram ressentimentos naqueles que as fazem. Se a Igreja não sabe dialogar com a cultura na qual está inserida, e nem responder a seus questionamentos, como poderá anunciar o amor de Deus aos homens? Vale lembrar que os primeiros cristãos não eram motivados em sua missão pela necessidade de se “elaborar conceitos teológicos”; seus escritos eram circunstanciais, e, como tal, respondiam às reais necessidades dos seus ouvintes.

Quando a Igreja encarna sua missão dessa maneira – aliás, esta é a maneira de Cristo! – a resposta dos ouvintes da mensagem é positiva: “O que faremos?” (At 2.37). Em outras palavras, diante da mensagem de Jesus como aquele em quem a profecia do Messias se cumpre e aquele em quem a esperança das pessoas repousa, como devemos agir? Ora, essa é a resposta que a evangelização integral deve encontrar. E esta também é a resposta que uma teologia, que integra em sua vivência a teoria e a praxis, irá gerar.

Ainda que haja muita discussão sobre a Eucaristia (discussões válidas,com certeza), o fato é que Cristo instituiu seu memorial com coisas simples – o pão e o vinho – extraídas do cotidiano de seus ouvintes. Nada mais longe de seu Espírito do que separar tais elementos da vida pela teorização acerca deles; e nada mais longe da Sua vontade do que impedir que os cristãos, sejam estes teológos profissionais ou não, pensem sobre eles. Pensar e agir, portanto, são faces da mesma moeda e não devem nunca ser separados um do outro.

quinta-feira, 11 de março de 2010

IGREJA? TÔ FORA!

NA ATUALIDADE, PODEMOS IDENTIFICAR O CRESCENTE INTERESSE DAS PESSOAS PELO ASSUNTO "ESPIRITUALIDADE". AS PESSOAS SE MOSTRAM INTERESSADAS EM CONHECEREM MAIS ACERCA DOS PRINCÍPIOS DE DEUS E DA VIDA E ENSINAMENTOS DE JESUS. NO ENTANTO, QUANDO O ASSUNTO É "IGREJA" A HISTÓRIA MUDA DRASTICAMENTE. POR QUE ISTO?

MESMO ENTRE AQUELES QUE, POR MUITOS ANOS, FREQUENTARAM ASSIDUAMENTE UMA IGREJA, PARECE EXISTIR UMA CRESCENTE TENDÊNCIA A UMA ESPÉCIE DE ESPIRITUALIDADE AUTÔNOMA E SOLITÁRIA, RELACIONANDO-SE COM UMA COMUNIDADE SEM QUALQUER CONSTÂNCIA OU COMPROMISSO PESSOAL. QUAL A RAZÃO DESTA TENDÊNCIA?

EM "IGREJA? TÔ FORA!" (LIVRO DO PASTOR RICARDO AGRESTE - SOCEP EDITORA LTDA) VOCÊ ENCONTRARÁ UMA ANÁLISE CLARA DE ALGUMAS DAS PRINCIPAIS CAUSAS QUE SE ENCONTRAM POR DETRÁS DESTES PROBLEMAS. AO LER E REFLETIR SOBRE AS IDEIAS APRESENTADAS, VOCÊ SE SENTIRÁ DESAFIADO A REPENSAR A IGREJA E REVER SUA POSTURA COMO DISCÍPULO DE JESUS DIANTE DE SUA COMUNIDADE EM MISSÃO NO MUNDO.

ASSIM EM ATOS DOS APÓSTOLOS, OBSERVAMOS QUE DEUS ESTÁ CONSTANTEMENTE SE MOVENDO NA HISTÓRIA. SEU MOVER É SEMPRE NA DIREÇÃO DAQUELES QUE AINDA NÃO OUVIRAM, NÃO COMPREENDERAM OU NÃO SE RENDERAM AO SEU EVANGELHO. NO ENTANTO, A COMUNIDADE DE JERUSALÉM, A PARTIR DE UM DETERMINADO MOMENTO, PASSA A REPRESENTAR AQUELES QUE RESISTEM AO MOVER DE DEUS. A AGENDA DE PREFERÊNCIAS DE SEUS LÍDERES E ASSOCIADOS PASSA A SUPLANTAR A AGENDA DOS ESPÍRITO.
ESTE É O GRANDE EQUÍVOCO QUE MUITOS CRISTÃOS E IGREJAS, AO LONGO DOS SÉCULOS, INSISTEM EM COMETER, TOMADOS PELAS SUAS PRÓPRIAS PREFERÊNCIAS, INCONSCIENTEMENTE QUEREM CONTROLAR A AÇÃO DE DEUS E ESTABELECER CRITÉRIOS PARA A MESMA. SUTILMENTE, PASSAM A FORMATAR A IGREJA E SUBMETER A AÇÃO DO ESPÍRITO AO TAMANHO QUE PREFEREM, AO ESTILO QUE SE SENTEM CONFORTÁVEIS ÀS METODOLOGIAS QUE CONSIDERAM APROPRIADAS.

A IGREJA DE ANTIOQUIA REPRESENTA NO LIVRO DE ATOS, AQUELES QUE SE RENDEM À AGENDA DE DEUS E CAMINHAM NA DIREÇÃO DAQUELES QUE PRECISAM OUVIR, COMPREENDER E ACOLHER O EVANGELHO DE DEUS, ROMPENDO BARREIRAS GEOGRÁFICAS, SÓCIO-ECONÔMICAS, ÉTNICAS E CULTURAIS.

NÃO EXISTE PARTICIPAÇÃO EM CRISTO SEM PARTICIPAÇÃO EM SUA MISSÃO NO MUNDO, ATRAVÉS DA QUAL A IGREJA RECEBE A RAZÃO DE SUA EXISTÊNCIA.
(CONCÍLIO MISSIONÁRIO MUNDIAL WILLINGEN - 1952)

A COMISSÃO RECEBIDA PELA IGREJA É SUA PRÓPRIA VIDA E POR ISSO A PRÓPRIA RAZÃO DE SER DA IGREJA DEPENDE DE SUA SUBMISSÃO À COMISSÃO DADA POR CRISTO. (KARL BARTH).


NÃO EXISTE OUTRA IGREJA QUE NÃO A IGREJA ENVIADA AO MUNDO, E NÃO EXISTE OUTRA MISSÃO DO QUE AQUELA DADA À IGREJA. (JOHANNES BLAUW).


UMA IGREJA QUE NÃO É IGREJA EM MISSÃO, NÃO É, NA VERDADE, IGREJA. (LESLIE NEWBIGIN).


A IGREJA SÓ É IGREJA QUANDO O É PARA OS DE FORA. (DIETRICH BONHOEFFER).

DESEJAMOS REALMENTE SER IGREJA?

TEMOS CONSCIÊNCIA QUE ISSO IMPLICA EM FAZERMOS PARTE DE UMA COMUNIDADE DINÂMICA, EM CONSTANTE MOVIMENTO E SEMPRE VOLTADA PARA OS DE FORA? ESTAMOS DISPOSTOS A VIVERMOS EM PLENO SÉCULO XXI A ESSÊNCIA DO QUE OS REFORMADORES DO SÉCULO XVI DEFENDERAM AO DECLARAREM: "IGREJA REFORMADA, SEMPRE SE REFORMANDO"?

"SONHO COM ESSA IGREJA MISSIONAL NA QUAL SEUS MEMBROS ESTEJAM ENGAJADOS NA MISSÃO DADA POR JESUS DE FORMA ALTAMENTE COMPROMETIDA COM O EVANGELHO E RELEVANTE PARA COM A CULTURA. ESTE SONHO RENOVA MEU ÂNIMO CADA MANHÃ E FAZ COM QUE VOLTE A REAFIRMAR: SE ISSO É IGREJA, TÔ DENTRO!
(RICARDO AGRESTE)
Postado por cavalcanti às 19:41

sexta-feira, 5 de março de 2010

RECOMENDAÇÕES AOS JOVENS TEÓLOGOS E PASTORES

Com assombrosa frequência jovens seminaristas passam do encantamento ao orgulho intelectual e, em seguida ao deboche diante do que antes lhes era sagrado. Isto nos leva a concluir que deveria existir um código de ética para seminaristas, algo que os protegesse das primeiras impressões; que protegesse a Igreja da intempestividade destes; que lhes sugerisse uma maneira de transitar entre a academia e o mundo da devoção. (Ariovaldo Ramos)